Despues de todo no somos tan diferentes
A grande questão que torna um tempo de hospital intenso é a semelhança dos olhares . Na porta, tudo o que se vê é sabido . Explico : sabe-se que se alguém está correndo em direção ao elevador é por que foi avisado que o médico está no quarto . O que eles trazem nos resultados dos exames são, na verdade, gotas de esperança . Por isso são tão esperados pelos familiares dos doentes.Espera-se que o médico passe como se fossem capazes de acender o único interruptor de luz;Deste que é o verdadeiro mundo das trevas .
A moça da porta que fuma sozinha está com medo . É isso que leio em seu semblante . E só sou capaz disso pois reconheço esse olhar em mim. Estou também com medo, mas esse medo è maquiado assim que entro no elevador para te ver.Olho-me no espelho e dissolvo nas minhas entranhas tudo que sinto. Assim encontro coragem suficiente em mim para ouvir seu dignostico. E transmito-a para você , afim de te dar forças para mais um dia de luta luta. E meu olhar te diz : acredite em mim , no meu amor e tudo passará.
sábado, 31 de julho de 2010
Pela rua
Sem qualquer esperança
detenho-me diante de uma vitrina de bolsas
na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, domingo,
enquanto o crepúsculo se desata sobre o bairro.
Sem qualquer esperança
te espero.
Na multidão que vai e vem
entra e sai dos bares e cinemas
surge teu rosto e some
num vislumbre
e o coração dispara.
Te vejo no restaurante
na fila do cinema, de azul
diriges um automóvel, a pé
cruzas a rua
miragem
que finalmente se desintegra com a tarde acima dos edifícios
e se esvai nas nuvens.
A cidade é grande
tem quatro milhões de habitantes e tu és uma só.
Em algum lugar estás a esta hora, parada ou andando,
talvez na rua ao lado, talvez na praia,
talvez converses num bar distante
ou no terraço desse edifício em frente,
talvez estejas vindo ao meu encontro, sem o saberes,
misturada às pessoas que vejo ao longo da Avenida.
Mas que esperança! Tenho
uma chance em quatro milhões.
Ah, se ao menos fosses mil
disseminada pela cidade.
A noite se ergue comercial
nas constelações da Avenida.
Sem qualquer esperança
continuo
e meu coração vai repetindo teu nome
abafado pelos barulhos dos motores
solto ao fumo da gasolina queimada.
Ferreira Gullar
Sem qualquer esperança
detenho-me diante de uma vitrina de bolsas
na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, domingo,
enquanto o crepúsculo se desata sobre o bairro.
Sem qualquer esperança
te espero.
Na multidão que vai e vem
entra e sai dos bares e cinemas
surge teu rosto e some
num vislumbre
e o coração dispara.
Te vejo no restaurante
na fila do cinema, de azul
diriges um automóvel, a pé
cruzas a rua
miragem
que finalmente se desintegra com a tarde acima dos edifícios
e se esvai nas nuvens.
A cidade é grande
tem quatro milhões de habitantes e tu és uma só.
Em algum lugar estás a esta hora, parada ou andando,
talvez na rua ao lado, talvez na praia,
talvez converses num bar distante
ou no terraço desse edifício em frente,
talvez estejas vindo ao meu encontro, sem o saberes,
misturada às pessoas que vejo ao longo da Avenida.
Mas que esperança! Tenho
uma chance em quatro milhões.
Ah, se ao menos fosses mil
disseminada pela cidade.
A noite se ergue comercial
nas constelações da Avenida.
Sem qualquer esperança
continuo
e meu coração vai repetindo teu nome
abafado pelos barulhos dos motores
solto ao fumo da gasolina queimada.
Ferreira Gullar
sexta-feira, 16 de julho de 2010
sábado, 10 de julho de 2010
Ok
Era comigo . As orquideas da Sala de espera, o jardim bem cuidado , o manobrista ..Revistas semanais novas bem que tentaram me enganar. A Tv de plasma e as cortinas brancas pareciam querer disfarçar.. Mas eu li apalavra quimioterapia quando entrei na clinica tão chique da avenida Europa. Não dava para fugir. Era de novo o medo de perder alguém que eu amo tanto.. E se aquela maldita placa não fosse generosa o suficiente para dizer que isso também iria passar , como sempre passou ? E agora quando a doença alcançava meu heroi invencivel, meu pai, como eu deveria responder a tudo isso ? E ele como responderia? Aonde eu deveria fincar meus pés com força para que em mim ele se apoiasse ? Será que meu amor não seria o remedio que poderia acoplado aquela maldita placa , segurar meu pai só mais um pouquinho ? Pois ele era meu . E doença nenhuma seria forte o bastante para arrancá- lo de mim . Era isso que eu deveria ter em mente para suportar essa fase na qual irremediávelmente minha família se encontrava. Não, não havia como fugir , sem antes pedir passagem a aquela placa que acima de tudo nos dizia : Pare.
Era comigo . As orquideas da Sala de espera, o jardim bem cuidado , o manobrista ..Revistas semanais novas bem que tentaram me enganar. A Tv de plasma e as cortinas brancas pareciam querer disfarçar.. Mas eu li apalavra quimioterapia quando entrei na clinica tão chique da avenida Europa. Não dava para fugir. Era de novo o medo de perder alguém que eu amo tanto.. E se aquela maldita placa não fosse generosa o suficiente para dizer que isso também iria passar , como sempre passou ? E agora quando a doença alcançava meu heroi invencivel, meu pai, como eu deveria responder a tudo isso ? E ele como responderia? Aonde eu deveria fincar meus pés com força para que em mim ele se apoiasse ? Será que meu amor não seria o remedio que poderia acoplado aquela maldita placa , segurar meu pai só mais um pouquinho ? Pois ele era meu . E doença nenhuma seria forte o bastante para arrancá- lo de mim . Era isso que eu deveria ter em mente para suportar essa fase na qual irremediávelmente minha família se encontrava. Não, não havia como fugir , sem antes pedir passagem a aquela placa que acima de tudo nos dizia : Pare.
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