quinta-feira, 29 de outubro de 2009
falafel
Era uma tarde em Paris . E os dois pareciam que não se encontravam há séculos. Na noite anterior Paris havia ficado pequena para aqueles dois. Saíram, dançaram , riram. Ele como sempre se arranjou com uma moça. Ela , já namorava, e ficou focada na pista de dança. Eram os dois jovens e cheios de vida . Tinham uma tremenda esperança que com eles a vida seria justa. Afinal, eram pessoas de bem e só de vez em quando faziam uma fofoquinha sobre a vida dos outros.
Ultrapassava por eles a questão de gênero.Homem e mulher parecia apenas um tema na vida deles. O que eram juntos era mais fiel do que muitos relacionamentos: Eram amigos de fato. Amizade que recheia a vida, ampara e segue nas horas difíceis.Eles sabiam disso e esse era o segredo que compartilhavam: "Somos uma dupla tipo Batman e Robin, o Gordo e o Magro , Kiko e Chaves."Ela sendo a magra, obviamente.
Comeram falafel no degrau de uma loja fechada , num dia nublado. Num dia iluminado apenas de afeto.
No passeio da plasce de Vosges ela quase caiu, um tropeço do maldito sapato de bolinhas na sola. Foi um "quase tombo em câmera lenta" , mas ela se segurou, ninguém soube como.Riram do quase tombo, do sapato, da rua, de Paris, da noite, dos restos de falafel no dente.
Antes de irem embora ele lhe disse: Continue tropeçando, mas continue sem cair. Ela ouviu, seguiu em frente , rumo ao Brasil.Ia casar dali á um ano, e ele obviamente , seria seu padrinho.
Encontraram-se de novo, mais duas vezes. No casamento e num funeral. A tarde em Paris não mais estava lá. Mas a velha dupla se amparou, com mais calor que a cidade luz.
Outra despedida, outra separação.
Ela sopra á seu irmão : Continue tropeçando e continue sem cair. Ele segue em frente. Pega um avião. Vai em direção ao vento.
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