domingo, 29 de março de 2009

Quando Não Te Tinha
Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —Tu não me tiraste a Natureza...Tu mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires, vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as coisas.Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.

Alberto Caeiro

quarta-feira, 25 de março de 2009

Contemplar.

Meus olhos amam tanto as coisas que tenho:
E nada do que eu tenho é tão grandioso assim.
Só que é meu.
E isso é tudo.
E isso é tanto.
E agora que desfecho!
Já nem penso mais em ti.
Mas será que nunca deixo de lembrar que te esqueci?

Mário Quintana
Um instante. E para sempre.

Basta um instante para decidir amar
Um olhar cruzado,
um beijo suspirado.
Um instante para lembrar.
E num instante rápido,
tudo vira passado.
E num instante ,num aroma
Tudo já está recordado.
AMOR BASTANTE

quando eu vi você tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse mil faces num só instante
basta um instantee você tem amor bastante


paulo leminski

domingo, 22 de março de 2009




O poema que eu li para você, no dia que nos casamos.



A CANÇÃO ETERNA- ROSEMOND GERÁRD


QUANDO NÓS ENVELHECERMOS
E MEUS CABELOS LOIROS TORNAREM-SE CABELOS BRANCOS
NO MÊS DE MAIO, NUM JARDIM ENSOLARADO
IREMOS AMBOS AQUECER NOSSOS VELHOS OSSOS TRÊMULOS
E A PRIMAVERA DEIXARÁ NOSSOS CORAÇÕES EM FESTA.
E ACREDITAREMOS QUE SOMOS AINDA JOVENS ENAMORADOS
E EU TE SORRIREI , INCLINANDO A CABEÇA
E NÓS NOS TORNAREMOS UM ADORÁVEL CASAL DE VELHOS.
SENTADOS, NOS CONTEMPLAREMOS NUM DOCE EMBALO
EM NOSSO ANTIGO BANCO, TINGIDO PELO MUSGO, CONVERSAREMOS.
TEREMOS UMA ALEGRIA TÃO TERNA E TÃO DOCE,
COM AS NOSSAS FRASES TERMINANDO NUM BEIJO.

É VERDADE, NÓS DOIS ENVELHECEREMOS.
SEREMOS VELHOS, BEM VELHOS.
MAS A CADA DIA MAIS FORTES,
POIS EU SEGURAREI A SUA MÃO.
POIS VEJA VOCÊ , A CADA DIA , EU TE AMO COM VANTAGEM.
HOJE, MAIS QUE ONTEM, MENOS QUE AMANHÃ.

E ESSE AMOR QUE VEM COMO UM SONHO,
QUERO GUARDAR NO FUNDO DO MEU CORAÇÃO.
PARA SABOREÁ-LO PARA SEMPRE, LENTAMENTE.
E SEREI RICA, DE UMA RIQUEZA TÃO RARA.
E GUARDAREI TODO OURO DO MEU JOVEM AMOR.
ASSIM, ESSE PASSADO DE FELICIDADE ARQUIVADA EM MINHA MEMÓRIA,
ME TRARÁ DOÇURA.
POIS ESSE MESMO AMOR, TERÁ SIDO CONSERVADO NO FUNDO DO MEU CORAÇÃO.
SE A CADA DIA , EU TE AMO COM VANTAGEM,
HOJE , MAIS QUE ONTEM, MENOS QUE AMANHÃ-
QUE IMPORTARÃO AS RUGAS,
SE AS MESMAS ROSAS PERFUMARÃO NOSSO CAMINHO?
NÓS NOS OLHAREMOS , SOBRE A NOSSA TRILHA.
E VOCÊ ME FALARÁ DE AMOR,
COM OS MESMOS OLHOS DOS NOSSOS VINTE ANOS.
QUANDO EU ESTIVER VELHA , E VOCÊ ESTIVER VELHO.
QUANDO MEUS CABELOS LOIROS, TORNAREM-SE CABELOS BRANCOS.

SOMEONE TO SHARE MY LIFE

Hoje faz 30 anos que existe essa covinha.
É nela que me escondo quando o dia está ruim
É com ela que me divirto, reflito .
Desabafar nessa covinha é receber um abraço no meio de uma tempestade
Amizade é mais que parceria
É um espaço para compartilhar.
Crescer junto,celebrar.
É , estamos crescendo, mudando.
Mas se amigo é a família que a gente escolhe.
Pelo menos não estamos sós.
E disso sabendo,
Posso ir em frente com mais coragem.
Felicidades amigo querido.
Que seus passos sejam sempre largos
Vá iluminando os percalços com essa sua covinha.
Assim como tem feito na minha vidinha.









sábado, 21 de março de 2009


E foi assim :
Num dia qualquer.
Virei dois.
Eu que sempre fui um.
Dividi a sobremesa,
A cama.
Meus amigos.
Meus dramas.
Assim percebi,
Num dia qualquer.
Que sorte teria,
se fosse sua mulher.

chuva fina

chiaro-escuro.

Lá fora chove .
O dia é cinza.
Mas o meu amor faz aqui dentro ficar bem quente e cheio de sol.
Assim somos nós.
Um colorido de afeto e luz .

sexta-feira, 20 de março de 2009

sentir não dói.

Gosto dessa coisa de se deixar sentir.
Não acho justo passar pela vida em branco.
Escrevo sobre esses instantes internos pois acho que é justo uma propaganda pró sentir.
A vida merece essa honra de ser vivida com toda sua intensidade.Cores, dores, amores, flores.
Parece chavão, música do titãs..
Mas se não , como é que a gente aprende com as coisas que conhece?
Ou melhor, como é que a gente conhece a coisa como um todo?
Estar na vida é bonito , só se é feito inteiro.

sentir não dói.

PESSOAS QUE ANDAM NO MEIO FIO



Fui assistir ao filme, um amor jovem.
O filme fala de um rapaz que aos 21 anos se entrega de coração a uma moça e ela não consegue corresponder.O timing não batia, ela já vinha machucada de outra relação ou talvez fosse uma pessoa superficial. O menino fica devastado.A história é linda, mas é cruel . No entanto é real, tão real e rotineira. Quem não conhece alguém que se apaixonou desesperadamente, achou que não podia viver sem e no fim sobreviveu ?
Como algo tão rotineiro pode ser tão transformador ? O fim de uma história deixa cicatrizes que só tempo apaga , se é que ele apaga de fato. Não sei se apaga , o fato é que a vida continua , as pessoas surgem , coisas brotam e a vida é assim. E pronto.
Mas nada é tão simples assim quando falamos sobre um amor jovem. Sempre pensei na questão do amor jovem. A juventude permite essa intensidade, essa entrega. Mas ela custa caro ,e tem gente que prefere não se arriscar.
Tem uma cena linda que aparece ele andando na rua, com a namorada , segurando a mão dela, enquanto ela fica no meio fio.Tem gente que vive a vida toda no meio fio. Outros que encaram a rua, o asfalto, o pé no chão .Prefiro os que encaram a rua. De fato viver no meio fio é mais seguro, não corremos riscos de sermos atropelados por ninguém.Mas vive-se menos, definitivamente. Vive-se a vida em branco e preto, não com os tons que ela pode nos colorir.
Houve uma vez que eu sofria de amor e minha sábia tia Cléo disse: Pelo menos você está vivendo. Naquela época eu não pude perceber o tamanho daquela frase. Mas era a verdade da vida, viver a dor é viver.E sobreviver a ela é ainda maior.
Sobrevive-se ao amor acabado, cresce-se com ele. Tem gente que se entrega , sofre, mas usa o período da perda como um momento de reflexão . Tem gente que passa em branco, no meio fio.
Na cena final, o casal se confronta e ela diz: Sempre te achei muito intenso. E ele responde: Mas isso não é um defeito. E não é mesmo. Nós os intensos nascemos com essa sorte de sentir tudo, todas as faíscas e queimaduras da vida. E isso é tanto. E isso é tudo.
Pequena notável.

GRATIDÃO.

Ela era pequena. Tão pequena que mal alcançava o fogão. Mas fazia a melhor comida do mundo .Criou-me até os 25 anos.Seu nome era Cidinha . Era famosa por seu gênio forte .Acho que esse foi o segredo de sua sobrevivência. Para lutar na vida, não podia ser mole. Vivia brava,muito brava.Mas nada era mais gostoso do que arrancar um sorriso daquela cara sisuda.
Cidinha serviu-me de muitas coisas boas além de comida: Afeto, valores.
Ela deixava a filha em casa , para poder trabalhar durante a semana conosco. A menina, assim como a mãe , era guerreira. E assim continua. Nunca reclamou da falta da mãe, e nem da proximidade da mesma comigo: Foi generosa o suficiente para dividi-la comigo. Coisa de gente nobre. De verdade. A verdadeira nobreza.Não aquela bobagem de sangue azul.
A nobreza que acrescenta, ensina e verdadeiramente enriquece. A nobreza que soma e não subtrai.
Quando soube de sua doença dispus-me toda. Achei que tinha que ser assim. E isso se confirmava com o terno sorriso que ela me dava ao me ver entrar no quarto do hospital. Tão macio quanto sua mousse de menta. Tão doce quanto seu bolo de castanha do pará.
Ao arrancar um sorriso de seu rosto cansado , sentia-me capaz de colorir aquele cenário triste.
Não sei se um dia ela teve uma homenagem, ou se alguém já escreveu algo sobre ela. Além de seu obituário domingo passado. Então escrevo aqui. Nesse espaço virtual, na tentativa de fazê-la imortal.
Nas minhas memórias ela nunca vai ser pequena.
BATISMO
Triste , tão triste. Assim começou minha semana.
Duas perdas, duas pessoas muito amadas se foram.
Resolvi então, começar a finalmente escrever meu blog.
Não achava nome que combinasse.
Instantes de dentro-Eureka!
Mas o que de fato preciso é um espaço para transbordar minhas reflexões.
Meus instantes internos. Os momentos em que me sinto transbordado de emoções.
Nena é meu apelido de infância, dado por um primo muito querido.
Aqui assinarei Nena.
Assim me batizo nesse espaço com a mesma doçura que um dia ele me batizou.
Quero assinar de uma forma genuína, familiar.

Eu canto porque o instante existe.

Pronto.

Assim a gente começa.

De um ponto

Já vira uma peça.