Eu chego, te vejo comendo uma banana.Faz parte do seu café.
Todo dia acordo , tomo banho e corro para ver você.
Me olha e sorri : Filha!
Que bom te ver sorrir, eu penso.
Meu coração se aquece do frio da noite que passei com medo.
Já chega o médico em meia hora.
Faz um mês que espero ele passar , como os judeus esperam os messias. E ele é judeu, será que tem boas notícias? Eu espero. Todo dia.
E vejo sua saturação.Agora entendo disso, quem diria.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
contardo calligaris: Felicidade nas telas
contardo calligaris: Felicidade nas telas: "A necessidade de mostrar ao mundo um semblante feliz é uma das grandes fontes de infelicidade UMA AMIGA inventou um jeito de curtir su..."
sábado, 18 de setembro de 2010
obrigada amigo querido por retratar o dia mais feliz da minha vida, com tanto carinho.
As ostras de Juquehy
por Léo coutinho amigo querido, dos mais doces que já vi.
Crônica publicada no Blog do Gulero
Na minha memória afetiva as ostras estão todas em Juquehy. Ainda em verde idade a gente podia apanha-las direto das pedras, nas Ilhas ou na Ilha das Couves. As lanchas de então eram do tio Edgard ou do tio Serginho, e a molecada buscava as conchas para os adultos abrirem no espelho de popa, e para comer a gente nem saía da água, um pouco para lavar ali mesmo algum respingo de limão e mais para nadar logo até as pedras a procura de outras, e também das pérolas prometidas, que naquele tempo eu imaginava sempre num colar e desconfiava da conversa dos adultos.
Quando meu pai pôde comprar uma lancha, toda charmosa, com casco de madeira e nome de Veroca, servindo tanto para homenagear a tia Vera Ferreira Martins, antiga dona, quanto a Verinha Queiroz Ferreira e ainda a minha mãe, tia Verinha, as ostras na costa já estavam extintas. Mariscos ainda havia, e nos fins de tarde os caiçaras vinham com sacos ou cestas repletos deles, ora para vender, ora para ofertar. Então eles foram diminuindo, as conchinhas cada vez menores, rareando nas pedras, e também desapareceram. E os vôngoles que a maré espalhava pela areia de presente para nós, aonde foram parar? Os caranguejos podem ter corrido, ainda que com certa dificuldade, da voracidade humana; mas os vôngoles!
De lá pra cá as ostras todas são catarinenses ou da Cananéia, e todas de cultura, nenhuma mais é selvagem. Como fomos tão cretinos não sei dizer. Hoje quem mergulha no Litoral Norte só encontra ouriços, e por enquanto, só até descobrirem como são gostosas as suas ovas.
Nos restaurantes japoneses de São Paulo as ovas de ouriço já fazem muita folia. No Uo Katsu eu me delicio, e também no Sushi Gen, que aliás também ataca as ostras, sempre sob encomenda. O João Helou não perde uma rodada.
Se pudesse estaria até hoje num verão sem fim, vivendo nu feito um João Ramalho, alimentado só de ostras da praia pequena das Ilhas, pisando a areia cor de rosa de dia e admirando o enxame de vagalumes que quando anoitece transforma o mato numa árvore de Natal agreste. A areia cor de rosa, se não minguou está prestes, mas os insetos ainda estão todos lá.
Agora, quem pensa que indo a Juquehy o homem fica órfão de ostras e refém de lembranças e do saudosismo está redondamente enganado. Entre as minhas ostras inesquecíveis estão as do casamento da Heleninha e do Daniel Mourão. Me lembro tão bem daquele dia. Eu estava muito triste e sem motivo, me vesti sem nenhum entusiasmo e fui para o Gulero, fechado para a festa. O Kascão era o barman de plantão e contrabandeou um uísque servido em taça, disfarce do tempo da Lei Seca americana para driblar a ordem de aguardar a cerimônia para começar os trabalhos. É claro que ali o meu espírito já melhorou um pouco, e muito mais com as palavras do padre e do rabino, celebrando o amor de um casal fantástico. Mas a cereja do merengue foram as ostras, às quais me entreguei sem nenhuma responsabilidade. Acho que tracei quase duas dúzias, aniquilando o efeito do moderador de libido que tomo diariamente, e então pude me entregar à festa com plena alegria, esta foi uma das mais bonitas que já vi.
Do outro lado da rua Colina, com fundos para o Gulero e frente para a praia está a igrejinha de Juquehy. Quem doou o terreno foi o Mario Cerello, avô do Robert, do Léo e do Guga. Hoje ela é feiosa, ou poderia ser muito mais bonita, como ficou a de Barra do Una depois de reformada pelo Pierre Loeb – que por sinal é judeu. Que delícia para um casal que se ama casar com o pé n’areia, sob o crepúsculo do Juquehy, e depois embalar a festa sob as jaqueiras do pátio do Gulero, com ceviche de carapau do Josa, coquetéis do Peter e a simpatia da Sônia.
Digo sempre para o Robert falar com o padre, reformar a paróquia e pegar eessa onda de bufê. Seria o mais lógico, racional, prático a fazer. Mas quando me lembro que a cerimônia dura só um dia, e que facilitar definitivamente as bodas de dois subtrairiam os momentos de tantos outros casais ao pé da lareira no inverno, ou ao luar no pátio no verão, me lembro de ficar quieto que eu ganho mais.
por Léo coutinho amigo querido, dos mais doces que já vi.
Crônica publicada no Blog do Gulero
Na minha memória afetiva as ostras estão todas em Juquehy. Ainda em verde idade a gente podia apanha-las direto das pedras, nas Ilhas ou na Ilha das Couves. As lanchas de então eram do tio Edgard ou do tio Serginho, e a molecada buscava as conchas para os adultos abrirem no espelho de popa, e para comer a gente nem saía da água, um pouco para lavar ali mesmo algum respingo de limão e mais para nadar logo até as pedras a procura de outras, e também das pérolas prometidas, que naquele tempo eu imaginava sempre num colar e desconfiava da conversa dos adultos.
Quando meu pai pôde comprar uma lancha, toda charmosa, com casco de madeira e nome de Veroca, servindo tanto para homenagear a tia Vera Ferreira Martins, antiga dona, quanto a Verinha Queiroz Ferreira e ainda a minha mãe, tia Verinha, as ostras na costa já estavam extintas. Mariscos ainda havia, e nos fins de tarde os caiçaras vinham com sacos ou cestas repletos deles, ora para vender, ora para ofertar. Então eles foram diminuindo, as conchinhas cada vez menores, rareando nas pedras, e também desapareceram. E os vôngoles que a maré espalhava pela areia de presente para nós, aonde foram parar? Os caranguejos podem ter corrido, ainda que com certa dificuldade, da voracidade humana; mas os vôngoles!
De lá pra cá as ostras todas são catarinenses ou da Cananéia, e todas de cultura, nenhuma mais é selvagem. Como fomos tão cretinos não sei dizer. Hoje quem mergulha no Litoral Norte só encontra ouriços, e por enquanto, só até descobrirem como são gostosas as suas ovas.
Nos restaurantes japoneses de São Paulo as ovas de ouriço já fazem muita folia. No Uo Katsu eu me delicio, e também no Sushi Gen, que aliás também ataca as ostras, sempre sob encomenda. O João Helou não perde uma rodada.
Se pudesse estaria até hoje num verão sem fim, vivendo nu feito um João Ramalho, alimentado só de ostras da praia pequena das Ilhas, pisando a areia cor de rosa de dia e admirando o enxame de vagalumes que quando anoitece transforma o mato numa árvore de Natal agreste. A areia cor de rosa, se não minguou está prestes, mas os insetos ainda estão todos lá.
Agora, quem pensa que indo a Juquehy o homem fica órfão de ostras e refém de lembranças e do saudosismo está redondamente enganado. Entre as minhas ostras inesquecíveis estão as do casamento da Heleninha e do Daniel Mourão. Me lembro tão bem daquele dia. Eu estava muito triste e sem motivo, me vesti sem nenhum entusiasmo e fui para o Gulero, fechado para a festa. O Kascão era o barman de plantão e contrabandeou um uísque servido em taça, disfarce do tempo da Lei Seca americana para driblar a ordem de aguardar a cerimônia para começar os trabalhos. É claro que ali o meu espírito já melhorou um pouco, e muito mais com as palavras do padre e do rabino, celebrando o amor de um casal fantástico. Mas a cereja do merengue foram as ostras, às quais me entreguei sem nenhuma responsabilidade. Acho que tracei quase duas dúzias, aniquilando o efeito do moderador de libido que tomo diariamente, e então pude me entregar à festa com plena alegria, esta foi uma das mais bonitas que já vi.
Do outro lado da rua Colina, com fundos para o Gulero e frente para a praia está a igrejinha de Juquehy. Quem doou o terreno foi o Mario Cerello, avô do Robert, do Léo e do Guga. Hoje ela é feiosa, ou poderia ser muito mais bonita, como ficou a de Barra do Una depois de reformada pelo Pierre Loeb – que por sinal é judeu. Que delícia para um casal que se ama casar com o pé n’areia, sob o crepúsculo do Juquehy, e depois embalar a festa sob as jaqueiras do pátio do Gulero, com ceviche de carapau do Josa, coquetéis do Peter e a simpatia da Sônia.
Digo sempre para o Robert falar com o padre, reformar a paróquia e pegar eessa onda de bufê. Seria o mais lógico, racional, prático a fazer. Mas quando me lembro que a cerimônia dura só um dia, e que facilitar definitivamente as bodas de dois subtrairiam os momentos de tantos outros casais ao pé da lareira no inverno, ou ao luar no pátio no verão, me lembro de ficar quieto que eu ganho mais.
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