Tenho uma amiga assim: Instruída, bacana, esperta. Ela sabe de literatura, arte e História da China e é pós graduada em sociologia . Moça articulada,fala bem sobre qualquer assunto. Dessas que a gente pede conselho.Independente, se banca , se veste bem.E todas essas coisas feitas pela mulher da revista nova. Mas ela sofre de um mal tremendo : é fascinada por um cafageste.Por ele se mata na ginástica, acredita nas desculpas mais infames, se joga no trilho do trem.
Como pode? As amigas sabidas discutem na mesa do restaurante , xingam o moço de todos os nomes possíveis e planejam as mais variadas estratégias para salvar a amiga.Mas ela é irredutível. E cai em todas as histórias do rapaz .
Não sei como pode. Mas sei que acontece , com mais frequência do que ousamos admitir. Toda mulher fica acorrentada ao cafageste algumas vezes na vida. Algumas mais , outras menos. Mas acho até que um canalha é educativo na vida.Dois é loucura e três ...
Devo dizer que toda mulher deve ter um, para entender como deve fugir da armadilha mais que o diabo da cruz. Eu agradeço aos canalhas que passaram pela minha vida, pois me ensinaram muito.
O fato é que as mulheres se hipnotizam por esse tipinho com muito mais facilidade do que gostam de admitir.
É que don juan é irresítível- e ele sabe disso. E junto com ele há uma promessa de auto estima- vitalícia: Uma mulher é louca para achar que por ela, um homem deixaria todas as outras.
Para sê-lo uma dose de auto-confiança exagerada é necessária.Capacidade de observação da mulher e de seus pontos fracos também.O sedutor é capaz de qualquer coisa para fazer com que a mulher acredite tem em si, algo de muito especial.Um truque que vicia este de fazê-la sentir-se única e a mais desejada das mulheres.
Mas no entanto, o canto da sereia do cafageste é a mais pura e enlouquecedora das enrascadas.Acho que minha amiga ficou viciada nesse olhar.
Dizem que é no primeiro drink que sentimos a euforia do efeito do alcóol.De resto bebemos em busca daquela primeira sensação.
Será que não é isso que as mulheres buscam nesses homens - bomba ? A Euforia de manter o olhar de alguém?
E será que elas sabem que o olhar do outro nunca está de fato voltado para elas , e sim para a conquista delas? O que é uma tremenda diferença, convenhamos.
sábado, 25 de julho de 2009
segunda-feira, 20 de julho de 2009
HÁ TANTO TEMPO QUE TE AMO
Roubei o título do meu novo filme favorito, para falar do que vi por aí.
Cuide de você, a nova exposição de Sophie Calle me encheu de perguntas.
A moça toma um fora do namorado via e mail. Sai por aí pedindo á algumas mulheres que leiam essa carta e interpretem o que ele queria dizer em seu texto de despedida.Elas o fazem trazendo um pouco de si naquilo que lêem.
A juíza fala do amor como um contrato, a cantora canta. A psicóloga lacaniana chama-o de narcisista, num esquema de símbolos , enquanto a adolescente resume num :´ele se acha´.
Um exército de mulheres , trazendo dentro de si alguém que um dia desceu por trás da porta e reclamou baixinho: Volta.
Toda mulher já passou por isso, todo homem também. E por isso que a exposição faz tanto sucesso.Há uma identificação imediata, com aquilo que já vivemos em algum momento da vida. E acho que vingativas como são as mulheres, muitas gostariam de fazer o que Sophie fez. Humilhar publicamente, buscando uma explicação, do por que não é amada.
E como qualquer amiga que um dia lhe explicou o que ele quis dizer com isso, as estranhas o fazem. E se doam por inteiro em suas análises da carta. Como sabem ser solidárias as mulheres que amam.
Como dói a rejeição. Como dói ver indo embora aquele que um dia nos foi importante. Buscamos testemunhas afim de comprovar, que ele não prestava mesmo E por isso não nos amava. Então, dei para maldizer o nosso lar.
A mulher abandonada busca vingança, tenta fazer migalhas, daquele que a abandonou.Mas acaba se alimentando de migalhas de ressentimento num lamento de viúva.
Bem diz Alceu Valença em sua música primeira manhã.O lamento noturno dos viúvos é solitário e ecoa pela noite.
Mas a receita para curar um coração abandonado está lá, no título da exposição. Na última frase do e-mail de adeus mandado pelo ex namorado de Sophie : Cuide de você. Volte para você.
O trajeto é longo e dolorido, mas ainda é melhor que alimentar-se de ressentimento e mágoa. Devemos tomar cuidado com o coro da morte das mulheres abandonadas- Diz a escritora da exposição ( a única que combate de frente Sophie).
Carregar um amor como se carrega o maxilar de mortos, pode tornar a vida tarde demais.
Ressentimento paraliza.
A mãe da moça que já entendeu que ninguém morre de amor lhe dá o seguinte conselho (em resumo): Vá em frente, isso passa. Quem sabe isso não inspira uma obra de arte.
Dor de cotovelo vira obra de arte. A minha virou uma tese na faculdade sobre desilusão amorosa.
E você o que fez com aquele amor que não deu certo?
Como fez para transformá-lo em arte na sua vida?
*de onde eu tirei a frase:
Como aqueles primitivos que carregam consigo o maxilar de seus mortos,
Te carrego comigo Tarde de maio.
Carlos Drummond de Andrade.
Eis aqui uma lembrança bonita .
Roubei o título do meu novo filme favorito, para falar do que vi por aí.
Cuide de você, a nova exposição de Sophie Calle me encheu de perguntas.
A moça toma um fora do namorado via e mail. Sai por aí pedindo á algumas mulheres que leiam essa carta e interpretem o que ele queria dizer em seu texto de despedida.Elas o fazem trazendo um pouco de si naquilo que lêem.
A juíza fala do amor como um contrato, a cantora canta. A psicóloga lacaniana chama-o de narcisista, num esquema de símbolos , enquanto a adolescente resume num :´ele se acha´.
Um exército de mulheres , trazendo dentro de si alguém que um dia desceu por trás da porta e reclamou baixinho: Volta.
Toda mulher já passou por isso, todo homem também. E por isso que a exposição faz tanto sucesso.Há uma identificação imediata, com aquilo que já vivemos em algum momento da vida. E acho que vingativas como são as mulheres, muitas gostariam de fazer o que Sophie fez. Humilhar publicamente, buscando uma explicação, do por que não é amada.
E como qualquer amiga que um dia lhe explicou o que ele quis dizer com isso, as estranhas o fazem. E se doam por inteiro em suas análises da carta. Como sabem ser solidárias as mulheres que amam.
Como dói a rejeição. Como dói ver indo embora aquele que um dia nos foi importante. Buscamos testemunhas afim de comprovar, que ele não prestava mesmo E por isso não nos amava. Então, dei para maldizer o nosso lar.
A mulher abandonada busca vingança, tenta fazer migalhas, daquele que a abandonou.Mas acaba se alimentando de migalhas de ressentimento num lamento de viúva.
Bem diz Alceu Valença em sua música primeira manhã.O lamento noturno dos viúvos é solitário e ecoa pela noite.
Mas a receita para curar um coração abandonado está lá, no título da exposição. Na última frase do e-mail de adeus mandado pelo ex namorado de Sophie : Cuide de você. Volte para você.
O trajeto é longo e dolorido, mas ainda é melhor que alimentar-se de ressentimento e mágoa. Devemos tomar cuidado com o coro da morte das mulheres abandonadas- Diz a escritora da exposição ( a única que combate de frente Sophie).
Carregar um amor como se carrega o maxilar de mortos, pode tornar a vida tarde demais.
Ressentimento paraliza.
A mãe da moça que já entendeu que ninguém morre de amor lhe dá o seguinte conselho (em resumo): Vá em frente, isso passa. Quem sabe isso não inspira uma obra de arte.
Dor de cotovelo vira obra de arte. A minha virou uma tese na faculdade sobre desilusão amorosa.
E você o que fez com aquele amor que não deu certo?
Como fez para transformá-lo em arte na sua vida?
*de onde eu tirei a frase:
Como aqueles primitivos que carregam consigo o maxilar de seus mortos,
Te carrego comigo Tarde de maio.
Carlos Drummond de Andrade.
Eis aqui uma lembrança bonita .
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